Os incêndios florestais no Brasil, nos últimos 30 dias, causaram uma cortina de fumaça e poluição em quase todo país, afetando também outros países da América do Sul.
As queimadas no Brasil, especialmente na Amazônia, no Pantanal e no Cerrado, são uma questão ambiental crítica, com impacto direto no clima, biodiversidade e na saúde humana. Essas queimadas, muitas vezes, iniciadas de forma ilegal e crimionosa, geram enormes quantidades de fumaça e fuligem que podem se espalhar por milhares de quilômetros, atingindo áreas urbanas e afetando a qualidade do ar.
Entre os poluentes presentes na fumaça, destacam-se as partículas finas, como o material particulado (MP), em especial as partículas com até 2,5 micrômetros (PM2.5). Essas partículas são extremamente perigosas porque são pequenas o suficiente para penetrar profundamente nos pulmões e entrar na corrente sanguínea.
A exposição a essas partículas finas pode gerar uma série de problemas de saúde, incluindo irritação nos olhos, nariz e garganta, agravamento de doenças respiratórias, como asma e bronquite e até doenças cardiovasculares. O PM2.5 é especialmente preocupante, pois devido ao seu tamanho diminuto, pode atingir os alvéolos pulmonares, levando a inflamações crônicas e aumentando o risco de doenças pulmonares e cardíacas.
Atualmente, contamos com os estudos do Laboratório de Química Atmosférica da PUC-Rio (LQA), que realiza a caracterização química de material particulado, principalmente, utilizando as técnicas de ICP-MS e ICP OES e cromatografia de íons. Além disso, também realiza estudos toxicológicos e aplica ferramentas estatísticas e modelos com objetivo de entender como a composição química de matrizes ambientais (partículas, gases, águas, sedimentos etc) variam ao longo do tempo, suas fontes e os efeitos no clima, e saúde.
Nessa segunda semana de setembro, o laboratório fez uma coleta de material particulado durante 24 h na Gávea. O filtro branco antes da coleta e os filtros após a coleta. A partir dessas partículas é determinada a concentração do material particulado e os níveis a que potencialmente estamos sendo expostos diariamente.
O Laboratório de Química Atmosférica da PUC-Rio, coordenado pela Dra. Adriana Gioda, nos ajuda a tirar algumas dúvidas sobre as queimadas e a fumaça. Veja a seguir:
Qual o risco das partículas invisíveis?
O material particulado “fino” que vem com as queimadas é pior para a saúde quando inalado porque ele “penetra” mais no nosso organismo justamente por ser menor. E como não vemos esse material a olho nu, não percebemos que está poluído.
O umidificador ajuda?
São duas problemáticas diferentes. O umidificador ajuda a resolver o problema de onde o local está muito seco. Mas ele não resolve as partículas no ar.
Qual a melhor forma de se proteger?
Para se proteger de inalar material particulado, é preciso usar máscara. Para partículas finas, o recomendado é a PFF2 ou PFF3.
É verdade que a próxima chuva vai ser ácida e quais cuidados tomar?
É possível que a chuva fique mais ácida devido à emissão de SO2 e NOx durante as queimadas. E mesmo que não seja ácida, o material da fumaça pode deixar a água “suja” inviabilizando e restringindo seu aproveitamento. Lavar calçadas pode ser uma opção, mas beber, certamente não!
Gostaria de monitorar como está a qualidade do ar do seu trabalho ou residência? O LQA pode te dar suporte e realizar ensaios para avaliação: